Olá Rita! Poderia falar um pouco sobre você? (onde nasceu, onde mora, e local onde trabalha atualmente)
Falar sobre mim é sempre sem graça! Nasci na cidade de Inhumas, no estado de Goiás, mas vim para Belo Horizonte com 1 ano. Portanto, me considero 98% mineira. Sou professora da Universidade do Estado de Minas Gerais e, atualmente, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Design.
Você tem formação em comunicação social e geografia. Nos fale um pouco sobre suas escolhas acadêmicas. O que as motivou?
Bom, às vezes fico pensando nos caminhos estranhos que a vida nos leva. História foi minha primeira opção e a segunda Comunicação. Passei nos dois vestibulares e cursei ambos até o terceiro período, quando deixei a história, porque não me imaginava professora – quem diria! Durante meu mestrado, também na área da Comunicação Social, fiz uma disciplina sobre a cidade e descobri Milton Santos. Foi amor à primeira lida! Me apaixonei pela geografia, pois eu amo Belo Horizonte e queria estudar mais sobre a nossa relação com a cidade, que acabou por me levar ao estudo do Quarteirão do Soul na minha tese de doutorado.
Antes de atuar como pesquisadora e docente, teve outras profissões? Chegou a trabalhar, enquanto ainda era estudante?
Na graduação meu sonho era trabalhar em rádio. Sou radialista profissional. Trabalhei em algumas rádios de BH, sendo a última a Guarani FM, uma das mais importantes da cidade. Mas aí o vício acadêmico já tinha começado a se infiltrar e acabei ficando apenas no ensino. Mas acabei reencontrando a música no doutorado, quando ao me deparar com o Quarteirão do Soul fui entrando cada vez mais no universo da black music.
Você tem um trabalho interessante à frente de debates sobre o cinema, e especialmente os filmes de terror. Esse é seu gênero preferido? Nos conte um pouco sobre sua ligação com o cinema.
Minha paixão pelo cinema me levou para a área acadêmica. Comecei exatamente ministrando a disciplina de Cinema no curso de Comunicação. Minha paixão n.1 é a ficção científica, que acabei abordando no mestrado com a dissertação sobre a série Star Trek. Em 2000, quando ninguém imaginava o boom de séries que viriam posteriormente. A aproximação com o terror veio por outro caminho, a literatura. Começou quando uma aluna me apresentou Stephen King…e quando você entra nesse universo descobre Lovecraft, Bram Stoker, Stevenson, etc, etc, etc. Continuo sempre pesquisando e achando coisas novas, inclusive excelentes autores brasileiros como o André Vianco e o César Bravo.
Os programas televisivos tiveram uma influência significativa na sua vida? Poderia citar seus programas preferidos na infância e adolescência?
Como eu falei, meu mestrado foi sobre Star Trek. Cresci vendo diversas séries, coisa que ainda hoje adoro! Johnny Quest, Mandachuva, Zorro, Perdidos no Espaço e, obviamente, Jornada nas Estrelas!
Muitos cineastas de sucesso, já declararam seu descontentamento com a escola na infância. Tim Burton falou a respeito, e Tarantino também. Como foi a sua experiência escolar? Tem boas memórias da escola?
Bullying sempre esteve na moda, não é? E na minha infância não foi diferente. Mas não posso dizer que só tenho lembranças ruins, eu sempre fui curiosa e gostava de estudar. Escola nunca foi uma obrigação para mim.
Na sua opinião, porque o gênero terror é tão popular entre aqueles grupos considerados mais alternativos? O que esse gênero teria de tão atraente para esse segmento, que os outros não tem?
Essa é uma ótima pergunta! Eu não considero o termo alternativo o mais adequado. Eu penso que é um gênero para os que se sentem deslocados. Lovecraft nos fala que o maior medo que temos é do desconhecido. E King completaria dizendo que no terror acontece um efeito catártico. Quando nos livramos do monstro é como se nos livrássemos daquele que nos persegue, pode ser um chefe, um pai opressor, um professor…portanto, acredito que as pessoas que se sentem à margem acabam encontrando conforto naqueles lugares escuros, pois lá, nem sempre os monstros vencem.
Quando você pensa em sua trajetória profissional,percebe que a escola foi um local de descoberta de suas habilidades? Ou suas principais referências profissionais foram construídas fora da escola?
Acredito que, nem tanto as disciplinas, mas os professores foram fundamentais para formar o meu caráter enquanto profissional. E isso vem desde o ensino fundamental. A gentileza de alguns, o humor de outro, a elegância de outra. Foi me espelhando neles que fui constituindo a Rita Professora! E claro, com os ruins a gente aprende pela lógica reversa: jamais farei isso com meus alunos!
Qual a importância que seu trabalho tem para você? O que ele tem de mais belo e mais desafiador?
Eu sou uma pessoa inquieta. Gosto de desafios. Vou do design para o cinema, do cinema para a literatura, desta para a música. A coisa que mais me atrai é poder estar perto das pessoas, ver como elas crescem, amadurecem. Se tornam outros professores que são excelentes! Esse para mim é o maior ganho.
Para finalizar, poderia citar um livro, e um filme que tenham marcado sua vida?
Esta é a pergunta mais difícil. Num universo de centenas de livros e filmes como escolher um só? Apesar de achar um absurdo, vamos lá: Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick, que deu origem ao filme Blade Runner e é infinitamente melhor que o filme e Dracula de Bram Stoker, de Francis Ford Coppola (1992) que é incrível (e acho melhor que o livro). Ficção científica e terror, sempre duas paixões!
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